segunda-feira, 2 de julho de 2007

Orgulho e preconceito

Deste fim de semana não passou: fui a uma locadora escolher um filme, como não faço há 4 anos (!). Eu tinha esquecido o prazer que é olhar as prateleiras, ver as capas, ler as sinopses...
Sempre imaginei a locadora como um supermercado de emoções: você entra e pode escolher o que quer sentir: medo, alegria, tristeza... No entanto, sem nenhuma emoção específica em mente, um título me chamou a atenção: “Orgulho e preconceito”, baseado no livro de Jane Austen, também autora de “Razão e sensibilidade”. Seria bom quebrar o jejum com um filme leve, pensei.
“Orgulho...” se passa no ano de 1797, e conta a história de 5 irmãs pobres que procuram um marido – uma delas, Lizzie, se interessa por um homem rico e arrogante, e esse relacionamento é abalado por conta de diferenças sociais e mal-entendidos. Eu gosto muito de cenas longas e sem cortes, quando bem feitas; e este filme tem cenas desse tipo, além de belas externas e boas atuações. Preste atenção no ator Tom Hollander, ótimo, que interpreta o patético clérigo Mr Collins. Conselho: ignore o final desenxabido criado para o público norte-americano.

***
Orgulho e preconceito (Pride and prejudice), 2005
Drama
direção: Joe Wright
Inglaterra, 127 minutos


“Orgulho e preconceito” é um livro muito citado em “Um teto todo seu”, de Virginia Woolf que, coincidentemente, estou lendo (um ensaio de 1928 sobre a produção literária feminina). Jane Austen, uma mulher de classe média, escrevia às escondidas numa Inglaterra do fim do século XVIII e, segundo Virginia, era uma exceção entre as mulheres escritoras da época - a maioria escrevia como homens para ter maior aceitação do público, ao passo que Jane escreveu como quis e criou um estilo literário próprio. Sua literatura era “influenciada pela sala de estar”, pois a mulher não tinha um quarto privado para escrever. As impressões de seus livros são baseadas no que conhecia bem, na sua visão de mundo a partir da sala, nas relações pessoais, nas emoções, no ambiente doméstico, tudo pertencente a um universo cercado pelas paredes da casa, mas infinitamente rico dentro de sua limitação.

Nenhum comentário: